Região Norte - Folclore

        Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins são as unidades federativas que compõem essa região, que detém a responsabilidade de abrigar a floresta mais importante e rica do mundo: a Floresta Amazônica. É um território que, assim como todo o Brasil, abriga uma mistura de culturas e vem sendo construída por muitos anos. Imigrantes do sul e nordeste do país, além de portugueses africanos e outros povos, são parte do que é a região norte do Brasil.

        Há as ricas manifestações culturais  que são visitadas e que tem o Festival de Parintins como um dos mais fortes atrativos turísticos na parte cultural.

    Essa riqueza cultural está ligada mais uma vez à miscigenação desse povo. Os índios, africanos, portugueses, além dos nordestinos e das pessoas de sul e sudeste levaram um pouco de sua cultural para a região norte. O resultado é uma cultura rica em lendas, festas, comidas típicas e costumes. Além do já citado Festival de Parintins, festas de caráter religiosos, principalmente as religiões cristãs e afros, que estão presentes no popular das cidades turísticas do norte. Muitas lendas conhecidas nacionalmente são de origem dessa região como o mito da iara, saci pererê e o da mula sem cabeça. 

Festas

    Talvez uma das maiores e mais conhecidas seja o Festival de Parintins, realizado todos os anos. A festa gira em torno da disputa entre dois bois: o Garantido (representado pela cor vermelha) e o Caprichoso (representado pela cor azul).  São os desfiles dos dois “bois” no último final de semana do mês de junho. Ao todo, são 27 vitórias do boi Garantido e 19 do Caprichoso. É uma festa de três noites de apresentações e envolve toda a cidade turística de Parintins-AM, além de atrair pessoas do Brasil e do mundo para assistir ao espetáculo. A festa nasceu a partir da influência de imigrantes nordestinos que trouxeram a lenda “Bumba-meu-Boi” e é realizado desde 1966. Atualmente o local das apresentações é um espaço especialmente destinado à festa: uma arena chamada de Bumbódromo. 

    No mês de outubro, Belém, no Pará, assume toda sua vocação cristã herdada dos colonizadores portugueses. O Círio De Nazaré, celebrado desde 1793 na cidade, atrai mais de dois milhões de fiéis para as principais ruas do município, o que lhe dá o status de maior evento religioso do Brasil e um dos que mais reúne fiéis em todo o mundo.

    A festa se parece um pouco com esquema do carnaval: cada um dos bois desfila com sua própria música, há encenações ao longo do percurso  e fantasias. Uma peculiaridade marcante é a essencial de sempre valorizar a cultura local . 

    O evento e a rivalidade entre as torcidas têm proporções realmente grandes. Para se ter uma ideia, a galera (torcida) do boi Caprichoso não fala o nome do seu adversário (boi Garantido) e só se refere e esse como “contrário” e o mesmo é feito pelos torcedores do Garantido. Outro fato curioso é que, durante as apresentações de um dois bois, a torcida adversária faz absoluto silencio, não xingando, vaiando ou emitindo qualquer som. Isso acontece pelo respeito entre os competidores e também porque a “galera" ou ”torcida” também é alvo de avaliação para nota, que faz parte da contagem de pontos para definir o campeão do ano. Além desse quesito, ainda existem 20 aspectos a ser analisado pelos jurados para definir o campeão. Esses jurados, aliás, são chamados de diferentes partes do Brasil,  menos da região norte, para não haver parcialidade nos votos.

Culinária

A culinária do Norte do Brasil possui forte influência indígena, muitos pratos com peixes, e carnes de caça. São muito consumidos também o milho, mandioca, farinha d'água, farinha seca, farinha de peixe, guaraná em pó, açaí, cuupaçu, castanhas, etc.

Tacacá

Ingredientes
2 Litros de Tucupi (líquido retirado da mandioca brava)
4 dentes de alho
1 colher (chá) de sal
2 maços de jambu (uma verdura)
½ kg de camarão(seco)
½ xícara (chá) de goma de mandioca
Pimenta de cheiro a gosto


Modo de preparo

  1. Coloque o tucupi em uma panela, tempere-o com alho e sal. Leve a panela ao fogo, e quando começar a ferver, abaixe o fogo.
  2. Tampe a panela, e deixe cozinhar por 30 minutos.
  3. Em outra panela, cozinhe o jambu, até os talos ficarem macios. Depois retire do fogo, e escorra.
  4. Em outro recipiente, retire a cabeça dos camarões, e deixe-os de molho na água para retiar o sal. 
  5. Ferva 4 xícaras de água com sal (a gosto).
  6. Em outra vasilha, dissolva a goma em água fria. 
  7. Aos poucos vá juntando a água fervente à vasilha com água fria em que está a goma, até formar um mingau grosso.
  8. Na hora de servir, utilize uma cuia, e faça dessa forma: uma concha de goma, uma concha de tucupi, algumas folhas de jambú, e alguns camarões. Pimenta e sal a gosto.

 

Mugica de pintado

Ingredientes

2 Kg de filé de pintado (cortado em cubos)
½ Kg de mandioca
2 tomates
2 cebolas
1 leite de côco (pequeno)
1 Pimentão
Extrato de tomate
Vinho branco
Óleo
Cheio verde a gosto
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto


Modo de preparo

  1. Em uma panela de pressão, coloque a mandioca, junto com água e sal, até que amoleça.
  2. Tempere o filé com sal e pimenta do reino, e frite (cortado em cubos), mas não frite muito, só até dourar. 
  3. Acrescente à panela em que está o filé, a cebola (picada), os tomates (cortados), e duas colheres de extrato de tomate. 
  4. Quando a mandioca estiver pronta, corte-a em cubos.
  5. Acrescente ao filé, a mandioca. 
  6. Com a água que restou da panela de mandioca, faça o molho, acrescentando 50 ml do vinho branco, e o pimentão cortado em tiras. 
  7. Quando o molho já estiver consistente, acrescente o leite de côco. Mecha, e deixe por mais 2 minutos, em fogo baixo.
  8. Junte o molho ao peixe e à mandioca, e coloque cheiro verde picado por cima.

Lendas

    Lendas são o que não faltam no folclore dessa região. Desde mitos famosos como Bicho Papão e Saci Pererê até outras mais regionais como a da Vitória Régia e a do Boto. Além dessas lendas ainda existem as do Boitatá, Curupira, Iara, Cobra Honorato, Onça Maneta e outros. Conheça algumas outras lendas famosas na região Norte:

Açaí

        Conta a lenda que há muito tempo atrás, quando ainda não existia a cidade de Belém, vivia neste local uma tribo indígena muito grande. Como os alimentos eram insuficientes, tornava-se muito difícil conseguir comida para todos os índios da tribo. Então o cacique Itaki tomou uma decisão muito cruel. Resolveu que a partir daquele dia todas as crianças que nascessem seriam sacrificadas para evitar o aumento populacional de sua tribo. Até que um dia a filha do cacique, chamada Iaçã, deu à luz uma bonita menina, que também teve de ser sacrificada. Iaçã ficou desesperada, chorava todas as noites de saudades de sua filhinha. Ficou por vários dias enclausurada em sua tenda e pediu à Tupã que mostrasse ao seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem o sacrifício das crianças. Certa noite de lua Iaçã ouviu um choro de criança. Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua linda filhinha sorridente, ao pé de uma palmeira. Inicialmente ficou parada, mas logo depois, lançou-se em direção à filha, abraçando - a . Porém misteriosamente sua filha desapareceu. Iaçã, inconsolável, chorou muito até desfalecer. No dia seguinte seu corpo foi encontrado abraçado ao tronco da palmeira, porém no rosto trazia ainda um sorriso de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que estava carregada de frutinhos escuros. Itaki então mandou que apanhassem os frutos, deles foi obtido um suco avermelhado que batizou de AÇAÍ, em homenagem a sua filha (Iaçã invertido). Alimentou seu povo e, a partir deste dia, suspendeu sua ordem de sacrificar as crianças.

Guaraná

    Conta a lenda que em uma aldeia dos índios Maués havia um casal, com um único filho, muito bom, alegre e saudável. Ele era muito querido por todos de sua aldeia, o que levava a crer que no futuro seria um grande chefe guerreiro. Isto fez com que Jurupari, o Deus do mal, sentisse muita inveja do menino. Por isso resolveu matá-lo. Então, Jurupari transformou-se em uma enorme serpente e, enquanto o indiozinho estava distraído, colhendo frutinhas na floresta, ela atacou e matou a pobre criança. Seus pais, que de nada desconfiavam, esperaram em vão pela volta do indiozinho, até que o sol foi embora. Veio a noite e a lua começou a brilhar no céu,  iluminando toda a floresta. Seus pais já estavam desesperados com a demora do menino. Então toda a tribo se reuniu e saíram para procurá-lo. Quando o encontraram morto na floresta, uma grande tristeza tomou conta da tribo. Ninguém conseguia conter as lágrimas. Neste exato momento uma grande tempestade caiu sobre a floresta e um raio veio atingir bem perto do corpo do menino. Todos ficaram muito assustados. A índia-mãe disse: "...É Tupã que se compadece de nós. Quer que enterremos os olhos de meu filho, para que nasça uma fruteira, que será nossa felicidade". E assim foi feito. Os índios plantaram os olhos do indiozinho imediatamente, conforme o desejo de Tupã, o rei do trovão. Alguns dias se passaram e no local nasceu uma plantinha que os índios ainda não conheciam. Era o Guaranazeiro. É por isso que os frutos do guaraná são sementes negras rodeadas por uma película branca, muito semelhante a um olho humano.

Matinta Perera

Diz a lenda, que à noite, um assobio agudo perturba o sono das pessoas e assusta as crianças, ocasião em que o dono da casa deve prometer tabaco ou fumo. Ao ouvir durante a noite, nas imediações da casa, um estridente assobio, o morador diz:: - Matinta, pode passar amanhã aqui para pegar seu tabaco. No dia seguinte uma velha aparece na residência onde a promessa foi feita, a fim de apanhar o fumo. A velha é uma pessoa do lugar que carregaria a maldição de "virar" Matinta Perera, ou seja, à noite transformar-se neste ser indescritível que assombra as pessoas. A Matinta Perera pode ser de dois tipos: com asa e sem asa. A que tem asa pode transformar-se em pássaro e voar nas cercanias do lugar onde mora. A que não tem, anda sempre com um pássaro, considerado agourento, e identificado como sendo "rasga-mortalha". Dizem que a Matinta, quando está para morrer, pergunta:" Quem quer? Quem quer?" Se alguém responder "Eu quero", pensando em se tratar de alguma herança de dinheiro ou jóias, recebe na verdade a sina de virar Matinta Perera.

Pirarucu

    A lenda do Pirarucu teve sua origem nas águas amazônicas. O Pirarucu é um dos maiores peixes de escama do Brasil. E para explicar sua origem os índios costumam contar a seguinte lenda. O Pirarucu era um índio guerreiro da nação dos Nalas e que este jovem índio era muito valente e muito orgulhoso, vaidoso e injusto e gostava de praticar a maldade. Foi então que o Deus Tupã resolveu castigá-lo por todas as suas maldades e pediu a Deusa Luruauaçu que fizesse cair uma grande tempestade e assim aconteceu. Uma forte chuva caiu do céu sobre a floresta de Xandoré, o demônio que odeia os homens começou a mandar raios e trovões tornando a floresta toda eletrizada pelos fortes relâmpagos e o  forte guerreiro chamado de Pirarucu encontrava-se na hora da chuva caçando na floresta e tentou fugir, mas não conseguiu, vencido pela força do vento caiu ao chão e um raio partiu uma árvore muito grande que caiu sobre a cabeça do jovem guerreiro, achatando-lhe totalmente. O jovem guerreiro teve seu corpo desfalecido, carregado facilmente pela enxurrada para as profundezas do rio Tocantins, mas na floresta Xandoré o Deus Tupã ainda não estava satisfeito e resolveu transformá-lo aplicando-lhe um castigo severo e transformou o jovem guerreiro num peixe avermelhado de grandes escamas e cabeça chata e é este peixe Pirarucu que habita os rios da Amazônia.